segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Você desarruma tudo em mim, funciona como uma multidão pisando no meu peito, empestando minha casa com seu cheiro, arrastando os pés pela madrugada. Deita as costas na parede, já por volta das cinco, o cigarro flutuando na boca, desliza a mão por entre os meus dedos e junta a ponta do nariz com a minha orelha, daí o tiroteio do suspiro que vem do umbigo. Daí a badalada, o atropelo, a declaração, a ferocidade dos beijos, dos beliscos, o coquetel de hormônios, o meu desespero de te querer aqui e agora, de olhos vermelhos, sem camisa, pendurado no parapeito, esticando as histórias e me enchendo o estômago. Daí a imensidão do tamanho, do tempo que demora, da pedra do Arpoador e dessas pupilas. Se enrola em mim, se amarra em mim, justo em mim, se demora o máximo que puder. Se cuida.