sábado, 29 de junho de 2013

No fosso do poço. No amordaço do turbilhão de nada. No espaço vazio entre minhas orelhas. Lá mora o tique taque imensurado que é espera. O tempo todo de uma vida que é parte desperdício e parte perda. Parte desgosto, parte parede rebocada em volta de mim. Sou inteira preguiça, destrutiva, amarga, cabeça velha, oca, cansada. E tem mais. Esgotada. Sou insolucionável. Só. A ansiedade vira pânico no embrulho do meu estômago. Eu arrasto meu peso pelos cômodos, abrindo e fechando as janelas, a torneira e a porta da geladeira. Eu estou perdida, mas principalmente impaciente. Uma vida de apatia é fardo sem alça demais. É uma enorme caixa de mudança. Me entupo de distrações para levar a vida adiante, seguir esperando, morrer tentando.