quinta-feira, 21 de junho de 2012

Helena,

Agora me diga quem vai saber tão bem de você. Qualquer um pode serpentear a serpentina que laça seu coração e mergulha suas angústias no suco de cajú, mas ninguém te conhece tanto quanto eu. Ninguém vai ouvir os gemidos que eu ouvi, nem comer sua comida insossa, ninguém vai adivinhar que você tem uma agonia imensa de carinho na perna, que fuma escondida e flerta com meus amigos. Ninguém nunca vai saber, como eu sei, que seu medo de avião só não é maior do que seu medo de ficar aqui pra sempre, que você passa batom quando está sozinha em casa e pensa em espanhol sem ao menos saber conjugar um verbo. Eu sei dos seus orgasmos fingidos, sei do tanto que você odeia números pares, sei dos seus caprichos, sei que você esfrega a unha nos lábios quando está tomando alguma decisão. Mantenho a conta de todos os livros que você optou por não terminar de ler porque odeia despedidas, perdas, porque tem medo de se decepcionar. Você tem um encanto que mais parece bruxaria. Você é pura sinestesia. Você é insensível. Me diga então quem vai te entender.

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