O cinto de segurança
estala. O seu. O meu ainda me segura contra o banco. Minha perna
esticada e o pé no freio, porque eu não tenho intenção alguma de
me demorar. Não por cansaço, medo de sequestro, nem por querer te
confundir. É a gasolina que anda cara e me dá um tropeço na
respiração ter que ligar e desligar o carro toda vez. Mentira. É o
seu olhar intraduzível, seu pouco caso, seus cílios imensos e esse
sorriso de ai-meu-Deus. Mentira. Eu até te seguro pelo braço, rasgo
sua barriga com as unhas, tranco as portas, espalho gasolina em volta
do carro e acendo um fósforo, mas assim que eu abro os olhos, a
porta bate. Um pouco de você permanece: cinzas no meu cabelo, gosto
de fuligem e um cheiro que não me pertence nas costas da minha mão.
É aqui até onde me atrevo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário