segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Gustavo,


Já perdi a conta de quantas vezes calhei de perder a carona propositalmente esperando que você me acompanhasse até a parada. Eu esperava ainda que talvez você me levasse em casa, deitasse ao meu lado na cama, puxasse o edredom por cima das nossas cabeças e decidisse casar comigo ali mesmo. De mãos abanando, eu acabava descendo a setecentos sozinha, ziguezagueava as casas tropeçando nas raízes e nos meus soluços. Sentava no banco do ônibus e descascava a película da janela. Nem bem eu fechava a porta de casa atrás de mim e eu já tinha te perdoado.
Eu jamais, nunca, de maneira alguma te pediria para que fosse comigo. Para mim era evidente: você tinha toda a obrigação do mundo de saber. Eu cometeria (como cometi) suicídio quantas vezes fossem necessárias para chamar a sua atenção. Eu era (como sou) vertigem de sentimentos. Você nunca vai saber (como não sabe) das minhas intenções ou do que eu exijo de você. Nem você e nem ninguém.

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