terça-feira, 11 de setembro de 2012

Do tanto que eu gosto de você/ Conselhos que eu bolei às cinco e quinze da manhã,


Meu pescoço continua manchado mesmo que eu esfregue pentes finos, maquiagem, água fria, água quente... Estamos um ao lado do outro, os dois salpicados de roxo. Estou pendurada em você, estou na beirada da sua cama e estou descalça. Seu gosto salgado, os lençóis encharcados, o colchão nu, as luzes acesas, meus olhos fechados, descascando seu ílio, dobrando os joelhos, respirando mecanicamente (como se faz? Inspira, expira, inspira, estoura, insânia, escape, instável, exala, inspira, expira). Encosto a cabeça na janela esperando que você esteja me olhando, porque uma das coisas que eu mais gosto no mundo é quando você olha pra mim. Vou embora esperando que você me dê um beijo a mais do beijo a mais que você me deu. Entro no elevador, coloco o cabelo por cima dos ombros, deito na minha cama, respiro, inspiro, fecho os olhos, tento me recompor, tento me proteger, tento parar de competir com você, tento ler incentivos no seu descaso. Mas você é silêncio. Eu sou também. Corra, então, salve-se! Eu não sou bom partido, não sou equilibrada, não vou te fazer feliz. Eu sou louca varrida, tinha que estar internada, tinha que estar amarrada, tinha que ser exilada. Sozinha, quando meu coração me pertence, eu sou normal, sou forte e coerente. Agora, quando você me apareceu, quando encontrou a brecha, quando me roubou... Aliás, não se chama de coração roubado o que foi entregue em uma bandeja ainda pulsando. É por isso que eu imploro: corra!

Nenhum comentário:

Postar um comentário