A vastidão e a
quentidão que são suas costas deslisando pelos meus dedos, os pés
embaraçados, o desarranjo da casa inteira. Atravessamos o tempo
de ponta a ponta, deixamos nossa circunferência no tapete da sala. O marasmo.
A goiaba. O cheiro do cigarro. Mesmo quando você não está. Mesmo
que ninguém mais sinta. Eu saia abrindo as janelas, tentando
entender: o chão gelado da cozinha, como é que eu não precisava de
mais nada? Puxava um suspiro colado na sua nuca, me apropriava do cheiro até engasgar de ocitocina. A pressão baixíssima. Do mesmo
tamanho da covardia, teci um empaixonamento tal que não sobra querer
pra mais nada. Sou velha, minhas artérias não se aguentam, eu bem
que avisei, vou infartar. Um dia desses, enquanto eu puxo os seus
cabelos, a aspiração vai descer pro coração, vai me dar um
sopro, uma bolha de ar, eu vou acabar morrendo. Uma inevitabilidade, paciência. Estou
vivendo um tu-centrismo perpétuo, glorioso, uma maresia, um estrago,
um mimo, os rostos colados, um silêncio ecoando dentro de
mim (a martelada no peito), a televisão ligada, seu sorriso feito
deboche. Me rendi.
Decidi que percebi: só ilustro nós dois em forma de substantivo.
Não conhecia o blog. O encontrei numa pesquisa no google. Ótimo texto!
ResponderExcluirBelo!
ResponderExcluir