domingo, 29 de setembro de 2013
Você prepara a cama como se estendesse a passarela da igreja, como se levantasse um teto encima das nossas cabeças. Pousa um beijo em mim. Atira longe meus sapatos. Meus retalhos. Meus nãos. Os balões sobem pelo céu da minha boca, caem, abrem trilhas dentro de mim, a ponta dos dedos segue o caminho, pé ante pé, desbravando, plantando alface, subindo muro. Separa as minhas pernas, me enterra os dedos, os dentes e as pupilas. Eu escorrego nos seus braços, a gente se enrosca, se enrola, dá um nó, solda tudo, morre no bocejo, na fumaça, na madrugada, na TV ligada, no respingo da água na louça que molha minha barriga. Eu morro todos os dias com a orelha colada no seu coração, ressuscito de madrugada nas manchas que escorrem do suco de manga. Eu morro de amor todos os dias.
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