Faz tempo desde que
pensei em outra coisa qualquer. Tentarei ser breve, sem rodeios: vim
só me queixar dos seus excessos, que já foram mais pretensiosos. Eu
ando desconfiada das suas intenções amenas. Pra ser bem honesta,
você já gostou mais de mim. Não me aflige de nada, até que você
abre um sorriso. É a minha deixa intrínseca para morrer de espasmos
no diafragma. Um dia desses ainda arranco esses dentes um-por-um e
escondo-os fora da vista. Alguém virá para vingar esses corações
cansados. O Padroeiro da Reciprocidade intervirá. Esperemos
pacientemente. Até lá meus olhos ficam enrolados como fita crepe na
sua volta. Por enquanto, prenderei entre os dentes o rabo das
palavras que montei. Estou aliada ao mau olhado, ao silêncio, às
pernas alheias, ao orgulho, à falta de comunicação, à sobriedade,
às curvas bruscas de carro e à infinita carência que é meu fardo.
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