quarta-feira, 30 de novembro de 2011

K. (2007),

E no momento em que ela o viu, ela poderia jurar que nunca tinha visto nada igual. Simplesmente deixou seus olhos se acomodarem àquela visão e se acostumarem com a luz que saia dele e de tudo o que ele fazia. Não conseguiu sorrir por que estava boquiaberta. E as luzes do garoto a envolveram e a fizeram se aproximar. Estava tudo bem. Ela podia voar de novo (e daí tiramos a lição de que nada nem ninguém pode te impedir de fazer isso que a literatura moderna chama de "viver", na falta de um nome melhor). Ela sentiu todas as partículas do seu ser gritando por ele, pedindo ar e ela precisou fechar os olhos para sentir as batidas do seu coração ficarem cada vez mais devagar, sua respiração cada vez mais profunda e tantas outras atividades cotidianas do corpo humano. Ela sentiu a cabeça ficar leve, as mãos suarem e os joelhos quase cederem. Ela sentiu a vibração dos sinos, viu fogos de artifício e ouviu André Gonzáles em sua fantástica cantoria. E estranhamente, as coisas continuavam acontecendo ao seu redor e as pessoas continuavam dançando, como se não conseguissem vê-lo refletido no castanho sem graça dos seus olhos assim que eles foram abertos. E tudo isso aconteceu em menos de um segundo. Ou talvez fosse o efeito do álcool. "CARPE DIEM", ela disse. E ela parou ao lado dele, levou as mãos à cabeça e dançou para ele enquanto ele fazia o mesmo (dançar para ele). E talvez ainda fosse o álcool ou as luzes, ou as borboletas, mas as únicas coisas de que ela vai se lembrar pra sempre são os piercings e o All Star. Mas cá entre nós, saiam luzes dele por algum motivo, correto? Ou como Anthony Kiedis o descreveria perfeitamente em Road Trippin'; "just a mirror for the sun". E foi por isso (e por alguns outros fenômenos da natureza) que ela não conseguiu ver a cor dos olhos dele. E claro que isso foi seguido por um paradoxo, já que quando os olhos deles se encontraram, ela viu todas as cores do mundo. E foi meio atrapalhado e excitante, muito atraente. E não havia mais nada em volta deles. Nem chão, nem estrelas, nem música, por que, naquele momento, ele era tudo aquilo.

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