quarta-feira, 30 de novembro de 2011

M. (2008),

E se por acaso eu desmarcar teu livro, colocar o dedo na parte espelhada do cedê, apertar demais o tubo da pasta de dentes, deixar a comida queimar, esquecer de pagar a conta de luz, deixar o carro sem gasolina, jogar a toalha em cima da cama, reutilizar folhas de caderno, não ouvir o celular tocando, deixar o xampu aberto, contar o final d’um romance, deixar a luz do corredor acesa, não colocar a louça na pia, manchar o azulejo de guache, inundar meu trajeto banheiro-quarto, calçar o tênis sem palmilha, mudar a música do despertador, não aderir ao horário de verão, esquecer de te passar algum recado, guardar teus bilhetes no bolso, perder as chaves, quebrar o guarda-chuva, comprar um brinco que nunca vou usar, fazer listas de compras absurdas, deixar a janela aberta, cortar meu cabelo fora da época de lua cheia, contar várias vezes a mesma piada, não limpar as migalhas de pão que caíram na cama, gastar o troco com Trident, precisar de um abraço, te deixar esperando enquanto descarrego abstrações nas paredes do quarto, nas folhas á-quatro da impressora ou nas minhas mãos, esquecer d’um compromisso, te atrasar pro trabalho, entrar na via errada, dormir enquanto você dirige n’uma viagem, ligar o ar condicionado do carro, me recusar a pedir informações, assistir Polishop Domingo à noite, comprar romances-latinos-água-com-açúcar ao invés de fazer um depósito bancário, ler diariamente o horóscopo do jornal, recortar críticas de filmes, dormir no teu lado da cama, criticar a reforma ortográfica, assistir o Horário Eleitoral , desenhar rostos nos tomates, não ter nada para dizer, chorar de ciúmes ou te dar um beijo que só veio da boca? Você vai parar de me amar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário